Não há como viver sem fazer escolhas. Enquanto vivermos a única obrigatoriedade a que somos submetidos é a de escolher. Podemos nos recusar a fazer qualquer coisa, pois existe livre arbítrio, liberdade e opções, porém não é possível nos recusar a fazer escolhas, mesmo se decidirmos não escolher, estaremos escolhendo não escolher nada. Seja o que for, não temos como fugir das escolhas.
Todos os dias, milhares de vezes ao dia fazemos escolhas, muitas das escolhas que fazemos passam despercebidas. São pequenas escolhas que podem até nos parecer obrigações, atividades obvias ou corriqueiras, porém são escolhas, porque sempre há opções. Quando levantamos da cama, trata-se de uma escolha, pois poderíamos não levantar, ou levantar mais tarde, ou ainda poderíamos ter levantado mais cedo. Ir trabalhar, ou não ir, ir de bom ou mau humor, a roupa que colocamos, a dedicação com a qual trabalhamos, são estas pequenas escolhas que fazemos diariamente e que vão construindo a nossa vida, e constituem a maneira como cada um vive a sua vida. As escolhas frequentes viram hábitos e tornam-se parte do nosso “jeito de ser”.
Quando agimos sem clareza de que aquilo que estamos fazendo é uma escolha, estamos fazendo uma escolha inconsciente ou irresponsável, não avaliamos as consequências da escolha que estamos fazendo e quando nos deparamos com as consequências podemos ficar chateados, pois parte destas consequências são indesejadas, porque quando escolhemos não tínhamos consciência de que tal escolha geraria tal consequência e por isso não nos sentimos responsáveis pela situação na qual estamos envolvidos e é neste momento que culpamos os outros, nos defendemos ou reagimos novamente sem avaliar e ainda sentimos culpa.
No entanto, se antes de agir, nos posicionamos de uma maneira responsável, conscientes de que nossas escolhas geram consequências e somente depois escolhemos agir de tal modo, conscientes das possíveis consequências e arcando com elas, estamos fazendo uma escolha responsável e consciente. Quando nos depararmos com a consequência de tal escolha, batemos no peito e nos responsabilizamos, evitando o sentimento de culpa e sem necessidade justificar, ou culpar outras pessoas.
Não precisamos viver obcecados pensando em ser conscientes das nossas escolhas, porém precisamos estar atentos ao caminho que nossa vida esta percorrendo, para onde estamos nos dirigindo? Estamos de acordo com o rumo que nossa vida está tomando? O que temos escolhido fazer nos últimos anos? As escolhas que eu tenho feito são coerentes com os objetivos que tenho para mim? Quais as mudanças necessárias para o momento em que me deparo com uma crise? Estas questões precisam ser feitas para que nossa vida não tome rumos aleatórios, sem a responsabilidade necessária de devemos ter com nossos atos.
A pessoa responsável sabe que o futuro não está pré-definido, ou ainda, que o futuro é fruto das escolas que fazemos. Á medida que agimos com responsabilidade e cumprimos nossas tarefas e obrigações, acabamos tornando isso um hábito e, com o passar do tempo, “ser responsável”, passa a ser parte do nosso “jeito de ser”. Por isso, quando uma pessoa age, não somente está fazendo alguma coisa pela qual vai ter que responder depois, ela também está escolhendo quem ela vai ser a partir disso.
Na compreensão relacional sistêmica, a qualidade de vida de um indivíduo depende do nível de consciência que ele tem das suas escolhas e da responsabilidade que ele tem com suas mudanças. Uma vez que aceitamos a responsabilidade pela escolha de nossas vidas, tudo fica diferente, temos poder, nossas possibilidades aumentam, porque estamos no controle e podemos fazer diferente e mudar.
