Era comum para a maioria dos nossos pais e avós, estarem submetidos a altos níveis de autoridade e até mesmo de medo, com o passar do tempo, as novas gerações passaram a criticar a autoridade. Sendo assim, os pais enfrentam grandes dilemas em relação a essas duas forças, o autoritarismo e a falta de limites. É como se houvessem apenas dois extremos, filhos que só com um olhar eram repreendidos e obedeciam aos pais e filhos que decidem tudo dentro das famílias.
Será que não existe um modelo intermediário entre o autoritarismo e a falta de limites?
Existe sim, como sugere a psicóloga Rolange Rosset (2014). O ideal são pais com autoridade. Os pais autoritários impõem muitos limites sem dar explicações e sem orientar reflexões sobre o porquê e os pra quê, enquanto os pais com autoridade impõe limites e regras, são mais flexíveis e dão explicações e carinho aos filhos, porém sem caírem no mando deles como os pais submissos (ROSSET, 2014).
Exercer autoridade é necessário e é papel dos pais, pois as crianças não tem condições de escolherem sozinhas o que é melhor para elas. Precisam do suporte dos pais e este é o principal meio responsável por fornecer segurança e autonomia para as crianças.
O exercício da autoridade dos pais acaba por gerar algumas frustrações, porém as frustrações geradas pela imposição de limites e regras são extremamente importantes para preparar as crianças para a vida, para o mundo, pois o mundo não é sempre como desejamos, e não poderemos defender ou poupar os filhos das frustrações e sofrimentos para sempre.
A vida inevitavelmente vai dizer alguns “nãos” para os nossos filhos e eles precisam estar preparados para isso, e é na infância que esta preparação precisa iniciar. Precisamos dizer que não se pode comer o que quiserem e onde quiserem, dormir a hora que quererem, assistir o que quiserem e o quanto quiserem, que não é possível fazer só o que gostamos, ou ainda, ter tudo aquilo que desejamos. Aprender tudo isso irá tornar os filhos pessoas melhores, mais fortes e mais tolerantes com as frustrações da vida. Filhos com regras e limites serão mais seguros porque sentem que são amados e cuidados.
O papel dos pais é preparar as crianças para serem capazes de enfrentar a vida, por isso, não tenha medo de impor regras e limites, pois assim os seus filhos estarão mais preparados e não irão sofrer tanto quando se depararem com as frustrações naturais da vida.
ROSSET, Solange. Pais e filhos: Uma relação delicada. 4ª Ed. Belo Horizonte: Ed.Artesã, 2014.